Raia Leve entevista Suzana Davis, a primeira joqueta do Brasil 27/04/2011 - 18h28min
Arquivo Pessoal
Suzana Davis, a pioneira !
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O Raia Leve entrevista a pioneira entre as mulheres na arte de montar cavalos de corrida, Suzana Davis, a primeira joqueta no Brasil e no Exterior, fala de sua carreira, suas tristezas e alegrias.
RL – Suzana Davis, onde e quando nasceu?
SD – Nasci em Porto Alegre, 25 de Janeiro 1954, tenho 57 anos de idade sendo 40 anos de Turfe.
RL – Quando foi o inicio de sua carreira no turfe? E qual animal você obteve a primeira vitória?
SD – Iniciei no final de 1970 para 71. Primeira vitória foi com a égua Nelule, após isso, obtive mais de 800 vitórias durante minha carreira.
RL – Qual foi o proprietário ou pessoa que mais te incentivou na carreira?
SD – Quem me estimulou a montar foi o treinador falecido Arno Altermann, a quem serei eternamente grata.
RL – Qual foi sua maior vitória?
SD – Foi com a égua Nelule, foi maravilhoso e inesquecível.
RL – Nessa sua brilhante carreira montou em quais países?
SD – Brasil, Venezuela, Uruguai, Argentina, Peru, Chile, somando todos Hipódromos de todos os países 58.
RL– Em sua grande experiência na época e atualmente, quais seriam os dois melhores jóqueis do século em sua opinião?
SD – Irineo Leguisamo e Luiz Rigoni, sem dúvidas magos do chicote, faziam coisas que até hoje muitos não acreditam... eram feras nas rédeas, aliás, bons tempos aqueles que infelizmente não voltam mais.
RL – Qual foi o melhor cavalo que você viu nas pistas?
SD – Creio que o melhor cavalo de minha época foi o Léxikom, pilotado por Antonio Alvani.
RL – Qual foi o melhor cavalo que você já montou?
SD – O melhor cavalo que tive oportunidade de montar foi em um clássico na cidade de Salta, na Argentina, nome dele era Popolo. Montei no Grande Prêmio maior da cidade, era como o Bento Gonçalves aqui em Porto Alegre, ganhei e foi maravilhoso.
RL – Agora você é starter no JCRGS, conte–nos um pouco disso.
SD – Mudei de ramo quando voltei do Uruguai, onde estava morando e casada, então me divorciei e voltei a Porto Alegre. Não queria voltar a montar porque tinha uma criança de colo, minha filha Melissa que hoje está com 29 anos, então surgiu a possibilidade de ser starter no Cristal, e como entendo exatamente que uma boa partida está diretamente ligado ao resultado final, aceitei e estou na profissão há 27 anos, desde agosto de 1984.
RL – Na sua opinião, qual a perspectiva de futuro do Turfe?
SD – Quanto à perspectiva de futuro do Turfe eu não sei, mas o que desejo de coração que melhore em todos os sentidos, para os profissionais, pessoas que trabalham no meio, proprietários, criadores, enfim, para toda a classe turfística, creio que merecemos que o sol brilhe como antes.
RL – Você também é professora da escola de aprendizes, conte–nos um pouco disso, e diga se tem alguma promessa entre os garotos?
SD – Sim, sou professora da escola aqui. Está ainda muito novo, mas apostaria no meu mais recente aluno Yago Toebe, acho que ele promete.
RL – Aos amigos deixe um recado e comente o que são os cavalos para você.
SD – Mando um grande abraço aos amigos turfistas, creio que somos uma família, pois os cavalos ficam em nossos corações e é muito difícil abandonar. Eu particularmente amo os cavalos, independente de raças, gosto da nobreza deles, do cheiro e da bondade, pois um animal tão grande se entrega a seres tão pequenos como nós. Eles sabem a força que tem, mas não a usam contra nós.
RL – Deixe um recado aos leitores do Raia Leve.
SD – Tem um final de poema que amo, é assim: "Se Deus me permitir o luxo, entro a cavalo no céu". Um abraço grande a todos do fundo do meu coração e muita sorte.
por Leandro Mancuso |