Páreo Corrido, por Paulo Gama 09/10/2018 - 09h23min
TUDO BONITO, ORGANIZADO E POUCA GENTE PARA VER
O meeting do Grande Criterium, GP Linneo de Paula Machado, no último sábado à tarde, no Hipódromo da Gávea, exibiu enorme contraste. Nas pistas, um espetáculo técnico irretocável. Puros-sangues de excepcional qualidade, treinadores e jóqueis de inquestionável categoria e desfechos de provas emocionantes. Fora da raia, os dirigentes organizaram bela festa para receber os turfistas. Food Trucks, variados comes e bebes, de preços salgados, porém saborosos e de opções para todos os gostos. Entretanto, o público deixou a desejar. Existe aquele eterno problema de divulgação. Afora os turfistas, que acompanham com fidelidade as corridas, o resto da sociedade carioca desconhecia a importância histórica da prova central e também a presença de um recordista mundial no evento. Lamentável.
Não vou chover no molhado e nem escrever todos os aspectos negativos de viver isolado do mundo no momento em que a sociedade está totalmente integrada com o resto do planeta pelas redes sociais. As pessoas sabem o que acontece em cada buraco da Terra. O turfe brasileiro, porém, continua num casulo, como se fosse um feudo, com entrada liberada apenas para os componentes da sua maçonaria. Por que não exibir diversos outdoors em vários pontos da Lagoa Rodrigo de Freitas anunciando a presença do recordista mundial de vitórias em plena Zona Sul. Por que não informar as assessorias de imprensa de rádios televisões e sites do grande espetáculo, com alguns dos melhores potros do país? Não sei. Talvez seja dispendioso demais.
LAMARTINE É CRAQUE
Lamartine, de criação e propriedade do Stud Eternamente Rio, comprovou a sua condição de líder absoluto da geração. Luís Esteves segue dando as cartas. Carlos Lavor parece rejuvenescer a cada ano em que fica mais velho. O filho de Shanghai Bobby não escolhe raia. Não depende de ritmo de corrida. E aparece com muita vontade nos instantes decisivos. Valente e versátil como deve ser o craque. A expectativa de que possa atuar no Grande Prêmio Carlos Pellegrini, em dezembro, no Hipódromo de San Isidro, em Buenos Aires, deixa empolgada a torcida brasileira. George Washington, criado no Stud TNT, e defensor da farda do Stud Happy Again, parece ser um animal tardio, que evolui com o passar do tempo. Fez corrida espetacular o pensionista de Venâncio Nahid. Não devem ficar frustrados com a segunda colocação os seus responsáveis. Pelo contrário. O filho de Redattore e Princess Carina ainda vai dar muitas alegrias com o passar do tempo.
JOQUEADA DA SEMANA
Ricardinho não perdeu a viagem mais uma vez. Aos 57 anos, ele comprovou sua enorme categoria no dorso de Touriga, de criação da Fazenda Mondesir e propriedade do Haras Dilema. Largou bem e se posicionou na segunda posição. Pretendia cuidar de perto de Grandeza, a ponteira da prova. Porém, na altura dos 800 metros finais, quando Vagner Borges fez partida precoce em Lisboeta e foi atrás da líder, ele imediatamente recolheu sua pilotada para terceira posição e deixou que as rivais brigassem. Esperou para dar partida bem curta, nos 400 finais, e dominou as adversárias em cima do laço, num ato perfeito de lucidez e técnica. Um monstro!
PURO-SANGUE MELHOR APRESENTADO
Cristiano Oliveira tem demonstrado muita maturidade e competência para enfrentar enormes responsabilidades. Apresentou a invicta Field Trip, filha de Put It Back e Special Class, em forma atlética magnífica, na Prova Especial Santarém. Era um grande desafio para a velocista e ela não deu a menor confiança para as adversárias. Reinou absoluta no tiro curto, com direção tranquila de Valdinei Gil, ciente da classe e da aceleração acima da média de sua conduzida.
QUIRON ESPANTA OS MARATONISTAS
Quiron, do Stud Quintella & Genovesi, e criado no modelar Stud Eternamente Rio, já havia demonstrado na atuação anterior boa adaptação ao percurso de fundo. Mais aguerrido e com o fôlego apurado, o pensionista de Roberto Solanês, representado por P.S de Deus, o seu segundo-gerente, no programa oficial, esbanjou estamina no Clássico Derby Club para derrotar um bom lote de maratonistas. Carlos Lavor esteve perfeito do dorso do ganhador e merece todos os aplausos por seu entusiasmo e dedicação profissional ao bater na casa dos 50 anos.
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