









Colunista:
Floreando, por Milton Lodi 08/11/2012 - 10h27min
GP PARANÁ 2012
Em tempos idos, o Estado do Paraná tinha um interventor de nome Manoel Ribas. Foi um benemérito do turfe paranaense, pois entre outras medidas, determinou que as propriedades que tivessem reprodutoras em atividades da raça P.S.I. teriam menores compromissos financeiros com o Estado, isto é, pagariam com descontos. Esse Manoel Ribas, com isso, alavancou e fomentou a criação e, consequentemente, as corridas. O velho prado de Guabirotuba foi substituído pelo novo Tarumã, e a partir de 1955 o Jockey Club do Paraná tomou bom impulso. A criação melhorou em quantidade e qualidade, e as corridas melhoraram de padrão. Em 1955 foi corrido o primeiro GP Paraná no Hipódromo do Tarumã. Foram até 2012, corridos 57 dos 58 previstos (em 1963 não foi disputado, pela gripe equina), e naturalmente, em função das épocas melhores e piores, houve reflexos nos resultados. A distância de 3.000 metros foi praticada de 1955 até 1966, isto é, durante anos.
Os vencedores foram, pela ordem: Salomão (R.Arede, N.Mitzarek, A.L.Tedesco); Miguel Ângelo (V.Pinheiro Filho, J.S.Lima, Stud Assumpção); Canavial (L.Rigoni, P.Gusso Filho, Stud Seabra); My King (A.Reyna, P.Mello, J.Corbeta, Argentina); Chaval (A.Ricardo, P.Morgado, J.Calil, Argentina); Falerno (F.Irigoyen, F.D’Ávila, Stud Seabra); Nyrdhal (P.Vaz, M.Singnoretti, Haras Patente); Gavroche (J.Alves, J.S.Souza, Stud Assumpção); em 1963 não foi realizado em função de surto de gripe; El Asteroide (A.Barroso, A.P.Silva, Luíz Espínola); Agasajo (P.Silva, P.Lopes, J.Xavier Uruguai); Gastão (U.Bueno, R.Martins, P.J. da Costa).
Assim, de 1955 a 1966 foram realizados 11 das 12 provas previstas. Jóqueis de primeira linha como Luiz Rigoni, Pierre Vaz, Francisco Irigoyen, Antônio Ricardo, José Alves, Albênzio Barroso, Virgílio Pinheiro Filho, e treinadores do quilate de Pedro Gusso Filho, Paulo Morgado, Milton Singnoretti, José Silvestre de Souza, Antonio Pinto da Silva. Além de proprietários importantes como Stud Seabra, Haras Patente, Stud Assumpção, Paulo José da Costa e Luíz Espínola, dentre outros, prestigiavam com prazer as festividades do Grande Prêmio Paraná.
A partir de 1967 até 2009, o páreo foi corrido em 2.400 metros, seguindo a linha mundial do encurtamento das distâncias. Mas o sucesso e o prestigiamento continuaram. A partir de 1967 ainda tivemos profissionais de bom padrão e proprietários de escol. Pela ordem, seguiram–se os vencedores Messidor (J.G.Silva, Castorino Borges, Haras Jahú e Rio das Pedras); Dilema (A.Ricardo, Amazílio Magalhães, Stud Nacional); Masteréu (I.Oya, A.Santos, Haras Tamandaré); Estentor (A.Barroso, A.P.Silva, Luíz Espínola); Negroni (A.Bolino, Elydio Pierre Gusso, Haras Ipiranga); Ruffus (A.Bolino, Elydio Pierre Gusso, Haras Ipiranga); Oldak (J.Terres, Elydio Pierre Gusso, Altair Milles Zaniollo); Beirão (S.Barbosa, L.Santos, Pedro Alípio Alves de Camargo); Arnaldo (J.Fagundes, F.Sobreiro, Stud Tibagi); Grão de Bico (J.M.Silva, P.Nickel, Coudelaria F.A.N.); Zabro (J.Garcia, L.B.Gonçalves, Haras Jahú e Rio das Pedras); Riadhis (M.Santos, L.C.Luz, Carlos Kerber); Inanias (E.M.Bueno, J.M.Ferreira, Haras Eduardo Guilherme); Reichmark (L.Yanes, J.M.Orellana, Stud Jéssica, Peru); Clackson (G.Assis, J.S.Ventura, Stud Montecatini); Zirkel (A.Oliveira, A.Garcia, Stud Ponte Nova); Kigrandi (J.Garcia, D.Garcia, Stud Tevere); Blessed Nest (S.Barbosa, A.P.Pelanda, Haras Faixa Branca); Manaus (J.Dacosta, R.M.Dacosta, Stud São José dos Bastiões); Henry Junior (J.M.Amorim, C.Lira, Haras Serrano) – 2 vezes; Gaillardet (C.Canuto, M.Gosik, Haras Jatobá); Golden News (A.Cassante, M.F.Gusso, Haras Primavera); King Of Rivers (G.Meneses, F.A.Monteiro, Haras J.B.Barros); Danger Horse (C.Canuto, S.Lobo, Stud Super Campeão); Kanaloa (E.Araujo, F.A.Monteiro, Haras J.B.Barros); Nilove (A.Vale, A.Alvani, Haras Jatobá); Super Purple (S.Generoso, L.C.Santos, Stud F.K.); Soft Gold (J.Aparecido, P.Nickel Filho, Stud Double M); Soft Gold (M.Fontoura, P.Nickel Filho, Stud Double M); Innamorato (J.M.Silva, M.F.Gusso, Rubens Grahl); Jack Grandi (L.Duarte, J.S.Silva, Stud Tevere); Jolly Boy (M.Nunes, M.Singnoretti, Haras Faxina); Mr.Pleasentfar (J.Ayarza, M.F.Gusso, Haras Garcez Castellano); Impardonnable (A.Queiroz, A.F.Correa;Stud R.A.A.B.C.); Baccarat (F.Durso, P.Nickel Filho, Stud Cheasapeake); Nugget do Faxina (M.Pereira, O.M.Nascimento, Haras Faxina); Dá–lhe Grison (N.Souza, P.Nickel Filho, Haras Clemente Moletta); Fort Bird (J.Ricardo, C.P.Gusso, Haras Moenda de Itatiba); Fogonaroupa (A.Domingos, L.R.Feltran, José Cid Campelo), Alucard (C.Lavor, L.R.Feltran, Stud Transilvânia); Tango Uno (W.Blandi, J.Henrique, Haras Tango); Mr.Nedawi (J.Aparecido, J.G.Costa, Stud Hole in One). Isso foi de 1967 a 2009, sempre em 2.400m.
Com altos e baixos, o GP Paraná foi se mantendo apesar de tudo. Mas depois de 2009, novas ideias e práticas foram implantadas. Uma ideia foi a redução dos 2.400 para 2.000m, sob o argumento de que em 2.000 metros poderiam vir mais inscrições, e uma das alegações para a diminuição foi de que assim já serviria de preparo para os que desejassem ir correr as provas milionárias de Dubai, imagine–se só. Uma prática ruim foi vender parte da área do Hipódromo, o que piorou consideravelmente o poderio do turfe paranaense, que de uns tempos para cá tem cerca de metade do número de cavalos alojados no Hipódromo e metade desse número é de produtos da geração a estrear em 2013. Há ainda a considerar que parte dos animais alojados se utiliza do Tarumã como um simples Centro de Treinamento. Pelo menos por enquanto, as perspectivas do Jockey Club do Paraná são muito ruins, e os atuais programas de corridas são de baixo padrão. Como habitualmente o Clube só consegue formar um programa de corridas por mês, o que se traduz em bom número de páreos e de competidores, todo mundo quer correr para tentar faturar, o encanto do Tarumã como Hipódromo auxiliar e alternativo já se foi.
Na semana do GP Paraná era sempre uma boa oportunidade para se rever amigos, visitar um ou outro Haras, ir assistir a uma prova que quase sempre era prestigiada por corredores vindos de fora e profissionais importantes do Rio, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Os cavalos “forasteiros” eram grande atração, e nomes como Clackson, Kigrandi, Estentor, Negroni, El Asteróide, Messidor, Gastão, Dilema, Grão de Bico, Zirkel, Arnaldo e mais alguns, que eram montados por Albênzio Barroso, José Fagundes, Juvenal Machado da Silva, Antonio Bolino, Antônio Ricardo, José Alves, Jorge Garcia, João Manoel Amorim, Adail Oliveira, Gabriel Meneses, Cláudio Canuto, Luiz Duarte, Jorge Ricardo, entre os jóqueis de alta expressão, como os prestigiados treinadores José Silvestre de Souza, Pedro Nickel, Milton Singnoretti, Dendico Garcia, Selmar Lobo, Mário Gosik, Antonio Alvani, Antonio Pinto da Silva e, ainda, outros que com prazer iam ao Tarumã participar de um bom evento. Mas aos poucos os proprietários, os treinadores e os jóqueis foram entendendo da realidade, o Jockey Club do Paraná está “encolhendo” o setor do turfe em favor de projetos imobiliários com sacrifício incomensurável para a razão de ser do Clube, as corridas. Em 2010 e em 2011, com a distância diminuída para 2.000 metros, tivemos respectivamente, um GP Paraná fraquíssimo e com apenas só presenças locais. E, em 2011 não fosse a presença do bom Jéca, montado pelo ótimo Altair Domingos, o que aconteceu no ano anterior iria se repetir. Uma lástima.
Nesse ano de 2012, repetiu–se o que acontecera em 2011. Apenas um bom cavalo, ganhador de um Grupo 3 na Gávea (além do injusto Grupo 1 atribuído ao GP Bento Gonçalves, assim como ao próprio GP Paraná), apresentou–se para correr. Em termos de padrão clássico, o campo da prova era lastimável, com exceção do ganhador de G.3. Stockholder tinha amplo destaque. Era o melhor, único ganhador de prova graduada, era treinado por um dos melhores profissionais do Brasil que, com frequência ganha provas importantes no eixo Rio–São Paulo–Rio Grande do Sul (para o excelente treinador Dulcino Guignoni só faltava o GP Paraná em seu currículo), e ia ser montado por um jóquei que cada vez mais se firma entre os melhores do Brasil, Henderson Fernandes. Correr o GP Paraná para Stockholder, dada a sua superioridade e a dos seus responsáveis, era mera formalidade, só perderia se os deuses do turfe não quisessem. Mas isso não foi suficiente para os catedráticos paranaenses. No concurso de palpites da Imprensa, dos 15 votantes só 5 o apontaram para vencer, os outros 10 (2/3) desprezaram o único animal de classe em favor de corredores locais, sob alegações desimportantes como “correu muito bem no Hipódromo de Uvaranas, em Ponta Grossa” e outras inadequadas explicações. Mas o grande público não se deixou influenciar. Stockholder foi grande favorito, e como não poderia deixar de ser, venceu de forma autoritária. Stockholder é de criação do vitorioso Haras São José da Serra e de propriedade da também vitoriosa Coudelaria Barcelona. Trata–se de um filho do nacional Dancer Man, que foi um ótimo milheiro quando em sua campanha na Gávea. Stockholder agora tentará o bicampeonato no Bento. Stockholder salvou o espetáculo turfístico, pois o Jockey Club do Paraná, no setor das corridas, está cada vez mais longe dos três principais Clubes promotores de corridas do país.
Nos outros aspectos o prado apresentou–se muito bem maquiado e enfeitado, a festa social em si foi bonita e com ótimo público. O setor de divulgação foi bem, procurando dizer de uma sensacional prova equilibrada, o que não era o caso de um gigante lutar contra pigmeus, até anunciando mais de uma vez que o pagamento dos prêmios em atraso aos proprietários tinha sido colocado em dia. Um absurdo, qual seja, o pagamento atrasado, foi colocado à mostra.
A atual Diretoria em exercício, que irregularmente ocupa o local dos eleitos na legal eleição de fevereiro de 2011, completará em fevereiro de 2013 o mandato dos legalmente eleitos. O público turfista brasileiro aguarda com interesse e curiosidade o que vai acontecer se não haverá eleições e o atual mandato irregular vai prosseguir ou se alterações estatutárias ou semelhantes vão tentar, mais uma vez, obstacular irregularmente a posse daqueles que contam com a maioria dos sócios do Jockey Club do Paraná.
O setor festeiro foi bem, mas o turfístico não. O 1º páreo do programa já se iniciou com 10 minutos de atraso e o programa encerrou–se com 50 minutos após o previsto.
Para se poupar o turfe paranaense, o mínimo que se pode dizer é que o Jockey Club do Paraná está à deriva.

[ Escolher outro colunista ]


|