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Floreando, por Milton Lodi 11/10/2012 - 09h49min
OUTROS GARANHÕES NO BRASIL
Após apresentação dos garanhões em atividade no Brasil e devidamente constantes do catálogo de leilões da Associação Brasileira, que se iniciou com os que estão em 2012 em Bagé/Aceguá, depois no Paraná, a seguir os outros no Rio Grande do Sul e, finalmente, aqueles em São Paulo, chegou a vez dos demais que são apenas três, dois no Mato Grosso do Sul e um em Minas Gerais.
O Haras Ponta Porã (MS), é um dos de maior quantidade de éguas no país, só se apresentou Spring Halo, um castanho argentino de 18 anos, filho de Southern Halo (Halo – Hail To Reason) em égua argentina pelo inglês More Light. Spring Halo correu aos 3 anos de idade 4 vezes em Palermo, obtendo 2 vitórias (uma clássica em 1.600m) e um 4º lugar na Polla de Potrillos (G.1). É um habitual produtor de garanhões de provas listadas. De 2000 a 2011 teve mais de 426 filhos registrados, que já venceram quase 480 páreos. Naturalmente, Spring Halo não é o único garanhão em atividade no Haras Ponta Porã, lá trabalham pelo menos mais dois ou três reprodutores, mas ele foi o único a ser apresentado. Em Ponta Porã está ainda, alojado no Haras Che Renda, o nacional Nítido. Tem um pedigree muito bom, é filho de Put It Back (linha alta de Relaunch), em filha do consagrado Roi Normand, em filha do maior avô materno de todos os tempos Ghadeer em uma das muitas boas linhas femininas da Fazenda Mondesir. Correu 9 vezes, ganhou 3 e se colocou em outras 3 provas. A sua mais importante vitória foi aos 3 anos em Grande Prêmio de Grupo 1 em 1.600 metros. Entre as suas colocações estão dois Grandes Prêmios muito importantes na milha. Na verdade, Nítido era um milheiro por excelência, e mostrou precocidade. A sua primeira geração, nascida em 2011, tem só 2 produtos.
Em Minas Gerais no município de Boa Esperança, o argentino Great Guy, está no Rach Stud. Esse garanhão argentino é filho do para nós desconhecido Bernstein, um norte–americano filho de Storm Cat, em égua argentina filha do norte–americano Egg Toss, em filha do argentino Practicante. Esse Great Guy correu 4 vezes em seu país, vencendo 3 e tirando um segundo. Venceu um G.3 em 1.000m e uma prova listada em 1.200m. Great Guy está se iniciando na reprodução em 2012.
O que se pode verificar em uma apreciação geral da criação nacional, no tocante aos reprodutores, é que só é apresentada aos criadores e aos turfistas de um modo geral menos da metade dos garanhões em atividade. Na falta de um catálogo referente a todos os garanhões que tiveram filhos já registrados e também os novatos, só resta aos interessados recorrer ao catálogo do Leilão Anual da Associação Brasileira, que é pouco como órgão de consulta.
Para que se tenha uma ideia sobre o panorama geral da criação brasileira, a seguir os números de 2010, na falta dos de 2011.
Rio Grande do Sul: 1.879 éguas (49,1%) – 1.145 produtos (48,9%) Paraná: 808 éguas (21,1%) – 622 produtos (21,5%) São Paulo: 816 éguas (21,3%) – 615 produtos (21,3%) Mato Grosso do Sul: 208 éguas (5,5%) – 162 produtos (5,6%) Outros: 116 éguas (3,0%) – 82 produtos (2,8%)
Total Brasil: 3.827 éguas (100,0 %) – 2.886 produtos (100,0%)
As observações mais importantes que se pode fazer são:
1) Dentro dos quase 50% da produção nacional, representados pelo Rio Grande do Sul, a região de Bagé/Aceguá representa aproximadamente 75%, pois produz cerca de 1.000 potros/ano, qualquer coisa em torno de 1/3 da produção nacional.
2) Os Estados do Paraná e de São Paulo estão emparelhados com pouco mais de 20% do total.
3) No Mato Grosso do Sul, o Haras Ponta Porã sozinho é responsável pela esmagadora maioria em números absolutos e, consequentemente, nos percentuais, pode se alvitrar entre 80% e 90%.
4) O Brasil já teve época de contar com cerca de 6.000 éguas reprodutoras, e hoje conta apenas com 2/3 daquele montante. Isso é o reflexo natural consequente de desmandos administrativos de diretorias anteriores dos Jockeys Clubs do Rio, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Quanto ao Jockey Club do Paraná, a calamitosa situação permanece desde já algum tempo, e continua péssima em mãos inadequadas. O Jockey Club Brasileiro desviou durante muitos anos as verbas necessárias ao turfe e à melhoria do movimento geral de apostas para obras suntuosas, desnecessárias, eleitoreiras e, o setor dos cavalos ficou muito carente. O Jockey Club de São Paulo, ainda está em má situação, em consequência de desmandos anteriores, em que os necessários recursos para a prática turfística foram desviados para promoções de festividades que, na verdade, eram utilizadas como veículos eleitoreiros. O Jockey Club do Rio Grande do Sul só não foi fechado, após absurdos ilimitados, porque já conta desde algum tempo com gente honesta e competente e que está levantando o Clube.
Esses três Clubes promotores de corridas estão no caminho certo, e no sentido do fortalecimento da atividade turfística, razão de ser da existência deles. Quanto ao outro Clube, o do Paraná, continua atolado por má administração. Todo mundo sabe que o fio da meada para a melhoria do turfe brasileiro é o aumento sistemático e, sempre que possível, dos prêmios, que revitalizam a atividade, com natural reflexo na criação. Hoje a expectativa dos criadores deve ou deveria ser boa, mas na verdade, o longo tempo de desatenção financeira com o setor já fez desaparecer um bom número dos pequenos Haras, que naturalmente poderiam se abastecer de garanhões e éguas dos Haras maiores, mas com a então falta de boas perspectivas financeiras os menores foram encerrando as suas porteiras. Das 6 mil éguas os Haras passaram a ter 4 mil, isto é, saíram 2 mil. Para reativar a atividade, há que circular mais dinheiro, e os prêmios, que na Gávea e em Cidade Jardim deveriam ser pelo menos dobrados para desfazer a defasagem.
Voltando aos garanhões em atividade no país, vamos aguardar que os criadores se conscientizem e inscrevam todos os seus reprodutores nos leilões da Associação Brasileira, que é na verdade, uma vitrine. Eventualmente, ter que pagar 150 reais por mês durante 10 meses para a necessária divulgação e apresentação parece ser muito razoável.

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