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Floreando, por Milton Lodi 30/06/2011 - 10h43min
ASSUNTOS DO MOMENTO
O Jockey Club de São Paulo, agora com uma nova e eficiente diretoria, fixou as dotações dos páreos comuns para Temporada Hípica 2011/2012, isto é, a partir do dia 1º de julho de 2011. Para os 3 anos de idade foram fixados 6.500 reais, para os 4 anos R$ 6.200,00, e para os 5 e mais anos R$ 5.000,00. Deve ser lembrado que em Cidade Jardim não há chamada específica para os animais de 6 e mais anos, como o que ocorre no JCB. Os novos valores citados, a serem praticados a partir de julho, representam boa melhoria, uma boa indicação de que a nova diretoria enxerga uma luz no fim do túnel. O JCB ainda não se manifestou a respeito, mas no entender geral dos turfistas as dotações deverão ou poderão acompanhar a mudança de idade, isto é, pelo menos R$ 7.260,00 para os 3 anos. A se confirmar à previsão, o Rio continuaria com os melhores prêmios do país, mas ainda longe do mínimo indispensável e necessário. Louve–se o esforço de São Paulo, que parece estar emergindo de uma negra fase.
A próxima estação de monta de 2011, pois se aproxima a época do amor e de suas consequências, parece promissora. Os três garanhões anunciados em “shuttle” são de entusiasmar. Para o Haras São Quirino, em São Paulo, voltará Refuse To Bend, um garanhão novo e que já esta mostrando muita qualidade com os seus produtos da primeira geração, na Europa. Para o Paraná vem o espetacular Shirocco, o Kaiser, que já tem dois filhos de sua primeira geração vencedores de Grupo 2 em Longchamp (França) e Cologne (Alemanha). Ótimo início em dois turfes muito competitivos. Shirocco vai ficar estacionado no Haras Santa Rita da Serra, e conta com a parceria do Haras Springfield, do Haras LLC, e da Associação Paranaense. Shirocco é um espetáculo. Para o Rio Grande do Sul no Haras Santa Ana do Rio Grande, vai trabalhar Manduro, um dos animais mais pontuados do mundo, com um “Rating” de 135, ganhador aos 2, aos 3, aos 4 e aos 5 anos de idade, considerado pelos experts europeus como o melhor cavalo do ano aos 5 anos, e que custou ao Sheikh Mohammed (Darley Stud), a soma de 32 milhões de dólares só para reprodução. Esse cavalo alemão, em outras épocas, seria inatingível pelo turfe brasileiro. Manduro vem para Bagé pelas mãos e clarividência dos Haras/Studs Capitão, Eternamente Rio, Jessica e Regina. Não seria demais lembrar que os citados três “shuttles” foram agenciados pelo hipólogo Samir Abujamra.
O Jockey Club de Campos (RJ) foi vendido em hasta pública por 4,5 milhões de reais para um grupo de investidores imobiliários. O clube tinha fortes dívidas fiscais, devia outros compromissos grandes, não estava promovendo corridas. Aparentemente, agora parou de vez. Essa triste notícia, do fechamento em definitivo, de mais um hipódromo brasileiro, não é novidade em nosso turfe. No Rio Grande do Sul é grande o número de Jockeys Clubs que estão paralisados, com perdas das cartas–patentes em função de administrações amadorísticas e incompetentes, obrigando o Ministério da Agricultura a enérgicas determinações. Dois exemplos podem e devem ser lembrados. Desde que foi eleita a última diretoria do Jockey Club de Bagé, o clube foi abandonado, parou de promover corridas há muito tempo, está fechado em função de excesso de vaidades e falta de competência. Por outro lado, o Jockey Club de Pelotas, que também havia sido fechado pelo Ministério por irregularidades no cumprimento de suas obrigações legais, trabalhou um ano para conseguir colocar–se novamente em ordem, e voltou a funcionar normalmente dando brilhante exemplo. Voltando ao Jockey Club de Campos, como ele não tem luz própria, necessita das luzes do JCB, tentou por várias vezes funcionar dentro de responsabilidades assumidas, mas nunca conseguiu se firmar. O Rio perde um prado auxiliar que poderia até ser muito importante.
Após o GP Brasil – do primeiro domingo de agosto até 31 de outubro –, os quatro maiores clubes promotores de corridas no país terão prazo aproximadamente 90 dias para projetar os seus Calendários Clássicos para o ano de 2012. O JCRGS e o JCP tem programações adequadas aos seus regionalismos, e não costumam apresentar anualmente grandes novidades. O JCB tem uma esplêndida programação clássica, é anualmente aperfeiçoada por Marcos Araújo Ribas de Faria, consultor técnico do JCB e melhor dos experts brasileiros do ramo. A programação clássica da Gávea não carece de fundamentais acertos. Mas não é o que acontece com a do JCSP, há muitos anos desvirtuada pelo misto de exagerada tradição com idéias equivocadas que são em parte responsáveis pelas decadências dos turfes norte–americano e argentino. Idéias comerciais equivocadas infiltraram–se no calendário clássico paulista na contramão técnica do turfe mundial. Há grande expectativa dos proprietários quanto o que fará, se é que fará, a nova Diretoria do JCSP. Manterá as habituais linhas, continuará com uma programação inadequada, ou tomará urgentes providências, dando ao clube uma programação clássica moderna, calcada em uma respeitável tradição mas com um enfoque moderno, internacional, progressista, melhor, e ainda se possível harmônica como a do JCB, aumentando as oportunidades para os bons animais. É momento crítico de decisão, talvez não seja o caso de uma mudança radical, mas do início de um programa anual de melhorias, na trilha da modernidade técnica e do bom senso. Um dos problemas é que quase todos os turfistas de reais conhecimentos tem suas próprias idéias, mas a absoluta e natural falta de unanimidade impossibilita uma concordância unânime. Mas o que foi feito no Rio merece total consideração ante o sucesso alcançado, o assunto deve ser entregue a quem é considerado o mais competente, que até poderia e/ou deveria ouvir importantes vozes locais, mas com uma visão mista de tradição e modernidade.

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