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Floreando, por Milton Lodi 05/05/2011 - 11h15min
Assuntos de leilões
1– Os leilões no Tattersall da Gávea vão recomeçar, e por mais incrível que pareça, passam–se os anos e não é instalado um placar moderno, adequado à realidade. Para nós tupiniquins não há problemas maiores, pois os habituais leiloeiros são competentes e suprem razoavelmente o problema, mas já houve problemas sérios com eventuais compradores de fora. Valores de parcelas são confundidos com valores totais, e vice–versa, não há adequada indicação dos equivalentes valores em dólares e/ou euros, quanto a preço à vista com o natural desconto, os compradores de fora são ignorados. O último caso terrível no ano de 2010 ocorreu quando das vendas do Stud TNT. Uma linda potranca foi pretendida por um criador e proprietário brasileiro e um forasteiro norte–americano. A potranca tinha um pedigree especial, o pai dela tinha coberturas em 160 mil dólares nos Estados Unidos, e havia sido guardiã quando o referido garanhão norte–americano estava em “shuttle” na Argentina. Foram subindo até que o valor oferecido estava em 15 parcelas de 40 mil reais cada, isto é, 600 mil reais. Nesse momento, verificou–se que o interessado forasteiro estava lançando no entendimento de que o valor das parcelas correspondia ao valor total. O leilão foi interrompido, o norte–americano saiu da disputa, e o interessado brasileiro também desinteressou–se, pois o alto preço havia sido atingido de forma irregular. O vendedor, elegantemente perguntou quanto o interessado desejaria pagar, e ante o então desinteresse, mais uma vez elegantemente deu de presente a potranca àquele que havia corretamente dado os lances. Assim, o vendedor perdeu uma venda de 600 mil reais, pelo simples fato de não haver um adequado placar que esclarecesse a prática. Esse caso não foi o único, compras de interessados da África do Sul já foram anuladas, pois os estrangeiros não são obrigados a entender um leilão em que não se oferece o valor do animal mas os das parcelas, em um idioma que não é o deles. Para isso é que serve o placar eletrônico, mas a responsável pelo assunto, a Associação dos Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida do Rio de Janeiro, que recebe 1% de todas as vendas leiloadas no Tattersall da Gávea, não toma providências. É o máximo do cúmulo. Mais um ano de leilões se inicia em 2011, e a providência não é tomada. Até quando os vendedores e os compradores vão continuar sendo prejudicados pela inércia? Pelo menos até o último dia de fevereiro de 2011, não há novidades a respeito.
2– Até 2010 inclusive um dos melhores leilões anuais de potros é o Top Classic oferecendo habitualmente produtos da nova geração dos Haras Mondesir, Old Friends e Anderson. A partir de 2011, o Anderson fica substituído pelo São José da Serra, e nesse ano voltará a ser realizado em Cidade Jardim.
3– Na época de ouro do turfe paulista, o Posto de Fomento do Jockey Club São Paulo realizou leilões de reprodução e também novidades como éguas francesas virgens para reprodução e leilão de éguas cheias oriundas do espólio do Príncipe Aly Khan. O processo era simples, o Jockey Club de São Paulo comprava as éguas, nos casos citados na França e na Venezuela, as oferecia pelo preço real individual do momento do leilão (preços da compra, das despesas, dos transportes). Os candidatos a comprar pagavam antecipadamente um valor que representava o seu interesse e que naturalmente fazia parte do futuro valor da compra. Os interessados eram numerados por ordem alfabética, as éguas com os seus preços individuais desfilavam também, numeradas, e aí iniciava–se um sorteio, e a cada um era dado o direito de escolher a égua, que era então retirada do desfile. Um novo sorteio indicava o próximo interessado em escolher, e assim por diante. Era um espetáculo que congregava os sócios criadores, veterinários e turfistas, tudo em cima festivo de congraçamento. Houve também leilões de potrancas inéditas, importadas da Argentina, e a elas eram oferecidos páreos exclusivos, de modo que elas próprias colaboravam para saldar os compromissos dos compradores, pois o clube retinha os referentes prêmios para abater os compromissos. Eu me recordo que do lote do príncipe Aly Khan vieram 24 éguas escolhidas por Roberto Grimaldi Seabra, que em nome do Jockey Club de São Paulo as arrematou em leilão. As francesas eram 27. Não me recordo quantas eram as argentinas. O que importa é que esses leilões incrementaram em muito o turfe paulista, a sua criação. Só como referência quanto à qualidade das éguas importadas, uma delas era Doctor’s Dilemma (GB), que veio a ser mãe do craque Major’s Dilemma.

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