









Colunista:
Floreando, por Milton Lodi 10/03/2011 - 17h30min
Notas variadas
1) Mais um detalhe do crescente prestígio da criação brasileira no terreno internacional foi a compra, pelo Sheikh Mohammed, através o agente brasileiro Samir Abujamra, do cavalo Xin Xu Lin. Esse autoritário vencedor do Derby Paulista e também do Pellegrini de 2010, foi exportado. Xin Xu Lin foi o ponto alto da criação brasileira em 2010, e o nosso melhor agente internacional mais uma vez brilhou. Para não se ir longe demais, em 2010 foi também Samir Abujamra que intermediou com o Darley Stud, do referido Sheikh a vida em "shuttle" do extraordinário Shirocco, o Kaiser.
2) O pioneirismo do clarividente fundador do Mondesir, Antônio Joaquim Peixoto de Castro Júnior, fez com que ele trouxesse para uma temporada no Brasil, a época em que ele importou o fundamental Swallow Tail da Inglaterra, o jóquei francês Marcel L’Ollierou. Antes de seguir para o haras, Swallow Tail foi preparado para correr Grande Prêmio São Paulo. Ainda desambientado pelo curto espaço de tempo que lhe foi dado, com precário tempo de adaptação, mudando de hemisfério e sem o necessário prazo para se adequar ao novo ambiente e com o pouco treinamento pelo tempo insuficiente, Swallow Tail participou ativamente da corrida e até deu a impressão de vitória, mas as condições inadequadas lhe impuseram um honroso 2º (ou 3º). Marcel L’Ollierou foi o jóquei, montando ao estilo francês da época, que era nitidamente inferior aos bridões aos quais os brasileiros estavam acostumados, influenciados pela então espetacular escola chilena de jóqueis. L’Ollierou saiu vaiado da raia, sua maneira de montar foi ridicularizada. Na verdade ele não era um jóquei de grande sucesso na Europa, corria mais com a cabeça, o corpo menos debruçado que o estilo chileno, e rodava intensamente o chicote para instigar os seus cavalos, o que de imediato deu–lhe o apelido de "ventarola". Swallow Tail foi para o haras, onde mostrou–se extraordinário, e Marcel L’Ollierou, após uns meses no Brasil, voltou para França para satisfação dos turfistas brasileiros.
3) Essa idéia de "inventar" um jóquei diferente teve caso muito mais discreto, no Rio. Os irmãos Chamma de origem árabe, foram procurados na Gávea por um jóquei com as mesmas origens deles, pedindo apoio na tentativa de se fixar na Gávea. Ele só falava em árabe com os seus proprietários, e Nelson e Washington Chamma ficaram entusiasmados quando o treinador que cuidava dos cavalos deles, Adair Feijó, disse que o tal jóquei mostrara aptidões nos trabalhos matinais, tinha na sela uma posição não ótima mas sem dúvida tinha muitos conhecimentos de equitação. Os irmãos passaram a freqüentar os trabalhos matinais, e bancaram financeiramente aquele que seria um grande sucesso e os informava dos estados dos cavalos. O entusiasmo crescia à medida que se aproximava a estréia. Foi o treinador Adair Feijó quem deu o alerta, o novo jóquei montava bem, tinha bom domínio das rédeas pelas suas evidentes noções de equitação, mas nos trabalhos de parelha ele se "desarrumava", e não parecia ter boa noção dos percursos. Eu não me lembro se ele chegou a estrear na Gávea, até que um dia Washington Chamma descobriu que ele era na verdade, na terra dele, um preparador de cavalos para concursos hípicos, não tinha noção de corridas, e viera ao Brasil para tentar ganhar dinheiro, já que havia sido despedido do emprego anterior. Para o "jóquei" árabe valeu a pena, pois durante um bom tempo foi sustentado e sobreviveu. Foi mandado embora, e nunca mais se ouviu falar dele.

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