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Floreando, por Milton Lodi 09/12/2010 - 10h12min
Áreas de criação
Não só o estudo como a prática mostram que o excesso de animais nos haras é um dos principais causadores de insucesso. E claro que não se pode centralizar, pois depende da qualidade da terra e da água disponíveis da conformação e da localização da área, mas é fundamental um planejamento em torno de um alqueire paulista para cada reprodutora, essa área equivalendo a meio alqueire mineiro, (ou geométrico), ou dois e meio hectares, ou seis acres, ou cerca de 25.000 m².
Esse detalhe da extensão de pastagem por cabeça (égua ou égua com produto no pé) e projetado para uma criação a longo prazo, para um empreendimento sem prazo fixo para término.
O bom preparo de uma pastagem demora cerca de quatro anos nas terras paulistas, e a cada quatro ou cinco anos tudo tem que ser feito novamente (a adubação superficial anual ajuda a equilibrar o problema). No sul do pais a Mãe Natureza cuida do problema, e desde que haja uma adubação anual apenas superficial o prazo de utilização é a perder de vista, praticamente ilimitado.
A falta da necessária área, no caso de Teresópolis, RJ, por exemplo, foi um dos fatores de encerramento das atividades criacionais de cerca de 90% dos que foram lá implantados no início, hoje só restando menos de meia dúzia de pequenos haras com reduzidíssima produção. Áreas superlotadas mostraram resultados nos quatro ou cinco primeiros anos, e daí as exauridas terras deram por fim suas missões.
Todos os criadores do mundo inteiro respeitam o necessário espaço, e aqueles que não querem diminuir o plantel montam haras em outras áreas, sempre respeitando a relação dos números dos animais e os da área disponível. Não só os asiáticos mas desde muitos anos antes essa já era uma prática dos tradicionais bons criadores europeus (Marcel Boussac, Aga Khan, etc).
Ter um plantel bem selecionado, serví–lo com garanhões adequados, dar uma boa e equilibrada alimentação, contar com um bom manejo e gente competente e que goste do que faz, manter as instalações em ordem, cuidar das pastagens e não ultrapassar o número limite de cabeças, e ainda enfrentar todos os custos, tudo isso em função de eventuais boas vendas em leilões e ou vitórias nas pistas com prêmios compensadores(?), e quando tudo parece estar nos eixos, há que se substituir reprodutoras com freqüência e ainda assim achar tudo muito bom, gostar da atividade, usufruí–la com prazer, entender que viver no turfe é uma das melhores coisas que a vida nos oferece.
Mas para isso há que respeitar normas, não sofrer com o natural risco das coisas não darem certo, mas com a esperança e a certeza de que vai acabar bem.
Um dos sucessos da criação gaúcha chama–se ESPAÇO, como diz o hipólogo Walter Nunes Flores.

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